Laguna é uma cidade litorânea atípica.
No litoral brasileiro, com as praias e cidades voltadas quase todas para o leste, Laguna, charmosamente, resolve virar as costas e olhar para o oeste, onde o sol poente mergulha todo final de tarde na Lagoa de Santo Antônio.

Por do sol sob a Lagoa de Santo Antônio, visto do portinho no centro. Foto do autor.
Ligando o mar aberto e a laguna que lhe dá o nome, encontra-se um canal, antes sinuoso e raso, hoje mais retilíneo e seguro, pelo menos para embarcações pequenas e barcos pesqueiros de porte médio. Há uma colônia de golfinhos (botos) na lagoa, e o canal é a comunicação deles com o mar aberto onde vão buscar a pesca.
Não fosse a pequena largura do canal, poderíamos imaginar que Laguna é quase uma península, projetada entre o mar e a lagoa interna, fazendo uma composição rara em qualquer litoral do mundo, em que se misturam montanhas e campos planos, praias abertas e lagoas fechadas, canais e rios, banhados e dunas, cabos e faróis.

A "península" lagunense, com as lagoas Santo Antônio, Imaruí e Mirim à esquerda.

A cidade à leste, a praia à oeste, os morros no centro, o canal ao sul. Ambas as fotos do Google Maps.
Na região habitavam os índios carijós, conhecidos como patos, mas antes deles já habitavam um povo pré-histórico que deixou herança e vestígios fartos: os povos dos sambaquis.
Lamentavelmente, pouco sobrou de alguns sambaquis importantes, um em especial na Carniça (chamada hoje de Campos Verdes), destruídos para fazer areia de calçamentos e coisas assim.

Sambaqui da Carniça, na época considerado o maior do mundo. Hoje deve ter 20% do tamanho. Para maiores detalhes: http://www.eps.ufsc.br/disserta98/albertina/cap3.htm
Entre a cidade e o mar aberto encontram-se dois morros ligados, o que fez, durante séculos, o caminho entre a praia e a cidade um trajeto a pé de quase três quilômetros, a ser percorrido contornando os morros, ou encarando-os pela parte mais baixa entre eles, numa enorme subida e descida, reduzindo o percurso à metade.
Os morros acabam funcionando como proteção para o forte vento nordeste, comum naquela localização, mas também como impedimento para o crescimento horizontal da cidade. Ou seja: mesmo com o posterior aterramento de parte de sua baía, Laguna estava, desde a sua fundação, espremida entre o canal, a Lagoa e os morros, condenada a ter no seu centro geográfico um tamanho fixo e imutável, impossibilitando a instalação de grandes indústrias no seu perímetro original.

Laguna vista do morro. Foto do autor.
Hoje a cidade se estendeu por toda a orla da praia do Mar Grosso, também ao sul, após o canal, e ao norte, na praia do Gi, um gigantesco loteamento com pretensões internacionais está sendo preenchido aos poucos por mansões.

Centro de Laguna, visto da lagoa, em um barco, foto do autor. Para maiores detalhes sobre Laguna, ler "Laguna, memória histórica", de Ruben Ulysséa.
O vento nordeste, e também o sul, são constantes e fazem ser comum nas praias a cena de turistas correndo atrás de seus guarda sóis. Nas praias de Laguna, os guarda sóis também se divertem.