Archive for the ‘desenhos’ Category

Reabertura da Casa de Anita-2 (Laguna- SC)

02/09/2019

Conforme dito na última postagem, dia 30 de agosto de 2019 foi reaberta a Casa de Anita,  em Laguna.

Abaixo imagens da parte externa, onde estão 8 painéis externos com trechos da HQ Anita  Garibaldi escolhidos por mim.

Cada painel conta a relação da vida da  heroína com algum aspecto cultural, histórico ou geográfico da cidade.

 

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Reabertura da Casa de Anita- Laguna (SC)

28/08/2019

foto_evento

No dia 30 de agosto o museu Casa de Anita reabre após obras de restauração capitaneadas pelo Iphan.

Além da ótima localização ao lado da Praça Central e da Igreja Matriz, a casa (onde Anita se preparou para seu casamento) tem um agradável terreno externo onde que serão instalados sete painéis com imagens retiradas do “Anita Garibaldi, o nascimento de uma heroína“.

A convite da incansável Francielen Meurer da Fundação Lagunense de Cultura, criei o conteúdo destes painéis. Dividi as sete pranchas inspiradas nos espaços em que eles ficarão distribuídos (na parede externa da Casa, no café externo e no playground).

Portanto um painel falará de “café” (dois trechos do livro em que o café tem papel importante), dois falarão da Anita criança, seus brinquedos e atividades e, por fim, quatro painéis com a relação da heroína e a cidade em si (geografia, cultura, fauna, etc…).

Enquanto montam os painéis, uma prévia de um deles vai aqui embaixo, em baixa resolução pra não tirar o inédito da inauguração.

IMG-20190829-WA0001

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Agradeço à Giovanna Lojacono, que como sempre fez uma brilhante tradução de textos e legendas dos painéis para o italiano.

04 de agosto: há 161 anos morria Anita Garibaldi

04/08/2010

No dia 04 de agosto de 1849, em uma pequena fazenda em Mandriole, Ravenna (It), morria febril, no quinto mês de gravidez, Anita Garibaldi.
As circunstâncias da morte são conhecidas: estava em fuga há  30 dias, junto com Giuseppe, perseguida por um exército de 30 mil homens franceses e austríacos. Saíram de Roma, que estava cercada por soldados imperiais, e percorreram quase 500 km a cavalo, a pé e de barco, em zigue-zague pelo centro-noroeste da Itália, por 30 dias. O pequeno séquito de soldados e amigos defensores da República que os acompanhava foi se desmanchando e sendo aniquilado, pois a captura era seguida de execução sumária.

Em homenagem a ela, publiquei aqui, por algumas horas, as primeiras 4 páginas do livro Anita Garibaldi, o Nascimento de uma Heroína, lançado no último sábado.

Era uma oportunidade temporária para que leitores que não puderam ainda ver o álbum tivessem a chance de ler uma pequena parte.

Quem se interessar pelo livro, pode entrar em contato pelo email anita@custodio.net.

Homenagem a Anita neste 04 de agosto

03/08/2010

Neste dia 04 de agosto completam 161 anos da morte de Anita Garibaldi.
Para homenagear a Heroína de Dois Mundos, vamos publicar neste blog quatro páginas de quadrinhos do álbum.
As páginas serão exibidas das 10 às 22 horas, sendo retiradas após este horário.

A intenção, além de promover o livro lançando em São Paulo no último sábado, é chamar a atenção para a data e dar a leitores de outras cidades a oportunidade de conferir parte do conteúdo do álbum.

Lembrando que o livro encontra-se à venda pelo email anita@custodio.net

Até lá.

Contra capa: Anita Garibaldi

13/07/2010

Esta é a contra-capa do livro, com os comentários de alguns convidados.

Contra-capa do álbum Anita Garibaldi, o Nascimento de uma Heroína

Anita Garibaldi, o Nascimento de uma Heroína

11/07/2010

A infância de Anita Garibaldi sempre foi coberta de mistérios.
Seus feitos extraordinários, quando, ainda muito jovem, encontrou Garibaldi, e a ausência de dados e informações seguras sobre os primeiros anos da “Aninha do Bentão”, como era conhecida, fizeram desta parte de sua vida um detalhe menor.

Depois de três anos pesquisando para a confecção deste álbum, que tinha um prazo e um número de páginas mais ou menos estabelecido, percebi em certo momento que seria impossível fazer uma biografia em quadrinhos completa dentro deste limite.
Entre contar bem parte da história ou contar de forma precária a história toda, a primeira opção foi a escolha mais correta.
Nesse sentido, o trabalho, dedicado somente a este período esquecido da vida de Anita, é inédito.

Anita Garibaldi, o Nascimento de uma Heroína vai ser lançado em São Paulo, 04 de agosto, dia em que sua morte fará 161 anos.
Maiores detalhes por aqui, nos próximos dias.

Capa do álbum Anita Garibaldi, o Nascimento de uma Heroína

Das letras aos quadrinhos

10/10/2009

Primeira abordagem efetiva de Garibaldi como corso no litoral brasileiro.
Das fontes pesquisadas, escolhi mostrar aqui a página do livro do Paulo Markun, que está ótima, concisa e tem imagens.

Trecho do livro Anita Garibaldi, Uma Heroína Brasileira, Paulo Markun,  Senac, 1999

Trecho do livro Anita Garibaldi, Uma Heroína Brasileira, Paulo Markun, Senac, 1999

Daí, vem o roteiro, com o texto ainda não definitivo:
————————

Rio de Janeiro

Início de maio, 12 tripulantes se lançam ao mar.

– Finalmente! Quantas aventuras este imenso mar nos reserva! ! Pela primeira vez no oceano tremula a bandeira da República Riograndense!

– Infelizmente a tentativa de fuga do Presidente Bento Gonçalves não deu certo. Fugiram o Onofre Pires e corte Real. Mas nosso plano de montar uma frota marítima republicana está começando!

– na nossa primeira abordagem só conseguimos uma bomba dágua e libertamos um escravo.
– vejam, uma sumaca com a bandeira imperial.

– Vocês são presas da República Riograndense. Se não reagirem, nada lhes acontecerá.

– quem é o comandante?
– ele, mas foi contratado por mim. sou um homem doente, que vendeu Sul fazenda no sul e está voltando para o Rio com seus escravos e algumas jóias.  Fique com elas e poupe minha vida.

– Fique com sua jóia e dinheiro, senhor. Nada lhe acontecerá, mas a carga dos porões vem com a gente.

– E os negros, se quiserem nos seguir, serão tratados como homens livres.

– Rosseti, o que temos nos porões?
– mais de 20 toneladas de café!

– madonna, saímos da farinha para transportarmos café.
– não se preocupe, amigo. Desembarcaremos os prisioneiros em São Francisco do Sul e venderemos o café no Uruguai.

——————-

Então vem o primeiro esboço da página.

Primeiro esboço, apenas para referência

Primeiro esboço, apenas para referência

Depois, o segundo esboço, já preparando o desenho definitivo.

Aqui as dificuldades do desenho aparecem: enquadramento, figuras, objetos...

Aqui as dificuldades do desenho aparecem: enquadramento, figuras, objetos...

E por fim, a página finalizada:

Pincel sobre papel

Pincel sobre papel e letras de computador.

Roma não se fez em um dia

10/10/2009

Garibaldi fez uma viagem à Roma quando tinha 17, 18 anos.
Sendo ele Nizardo (nascido em Nizza/Nice- cidade mezzo italiana, mezzo francesa), essa viagem o impressionou e definiu dentro dele a inclinação para ser “italiano”. Na época a Itália era mais um estado de espírito do que uma nação, dividida entre vários reinos e sem unidade.
Para usar este trecho na história, tive que buscar uma imagem que simbolizasse a força de Roma e da Itália, para arrebatar o jovem Giuseppe.
Hoje há uma estátua de Garibaldi, olhando por Roma, no alto do monte Janículo. Foi neste monte e adjacências que Garibaldi fez parte (e sua fama) da defesa da cidade no cerco a Roma de 1849 contra os Franceses.

Estátua de Garibaldi no Janículo

Estátua de Garibaldi no Janículo

A idéia foi irresistível: Garibaldi jovem, em cima de um cavalo, deslumbrado olhando para a secular Roma, do mesmo ponto onde hoje sua estátua perpetua este olhar sem fim.
O monte Janículo era propício para tomadas e imagens, sendo o ponto de vista de algumas obras sobre Roma. Mas eu precisava de uma tomada geral de Roma, que fosse antiga o suficiente para ser a mesma de Garibaldi em 1825. Semanas buscando uma imagem até que me deparei com esta, de Giuseppe Vasi:

Prospetto dell'alma citta di Roma, Vista dal monte Gianicolo, Giuseppe Vasi 1765

Prospetto dell'alma citta di Roma, Vista dal monte Gianicolo, Giuseppe Vasi 1765

O problema é que a imagem, tirada do site Rome ArtLover, do apaixonado italiano Roberto Piperno, vinha em 72 painéis separados, que foram baixados e levaram alguns dias para serem “encaixados” até formarem um painal de 70 cm de largura em definição 300 dpi.

Nada deste trabalho se compara ao trabalho do autor ao desenhar Roma em 1765: ele desenhou a maior cidade do mundo à época casa por casa, assinalando cada ponto histórico, ou propriedades de famílias relevantes, quase 400 ítens, com direito a legenda .

Um dos 72 painéis pode ser visto neste link, que mostra o Capitólio e parte central da cidade. No mesmo site pode-se encontrar o resto das imagens além de outras do mesmo artista sobre Roma e seus portões e monumentos.

Após a montagem, imprimi toda a grande vista de Roma em uma imagem A3 e coloquei em mesa de luz, para adaptar ao meu traço e fazer a imagem que iria entrar na HQ. Algumas tardes resultaram nisto:

"Minha" Roma, muito modesta, baseada na de Vasi.

"Minha" Roma, modesta, baseada na de Vasi.

Pronto então o quadrinho que “arrebatou” Garibaldi, e me tomou quase duas semanas.

Garibaldi vê Roma do Janículo, do mesmo ponto onde está sua estátua hoje.

Garibaldi vê Roma do Janículo, do mesmo ponto onde está sua estátua hoje.

Bastidores de uma página

11/08/2009

Este blog foi criado para mostrar as curiosidades de se fazer um álbum de quadrinhos, sobretudo quando se trata de temas históricos. Como as minhas próprias dificuldades são o tema dos posts, seria injusto deixar esta página de fora. Ela mostra bem como uma página simples, a princípio, pode se transformar em um bom enrosco, como um quebra-cabeças.

Esta página é a introdução de Garibaldi na história. Mostra Giuseppe, ainda garoto, conversando com o pai.

Ambos são homens do mar, no caso, Garibaldi ainda um garoto com 14 anos mas já com água salgada correndo nas veias. Concebi a cena, que começa no último quadrinho da página anterior, com Garibaldi pai assinando a entrada do filho na marinha mercante. Eles conversam sobre assuntos que mostram mais ou menos a personalidade de cada um (o diálogo vai ser ocultado para preservar a surpresa), enquanto andam até o barco da família e pegam o mar. Sequência correta e simples para mostrar um pouco sobre eles.

Domenico Garibaldi assina o ingresso do filho na Marinha Mercante

Domenico Garibaldi assina o ingresso do filho na Marinha Mercante

Els conversam e acabam no mar.

Eles conversam e acabam no mar.

Mas aí o que acontece? Vem a pesquisa e te derruba todo.

Há uma praça em Nice que se chama Praça Garibaldi, que fica a poucas quadras do porto, onde a família Garibaldi tinha uma casa. Isso eu já sabia. A praça tem até uma estátua de Giuseppe, em frente à igreja do Santo Sepulcro de Nice e teve diversos nomes entre 1780 e 1870, quando ganhou o nome definitivo. Imagino que Garibaldi passava por lá diversas vezes na sua juventude. Resolvi colocar a praça na sequência, pois é uma cena irresistível: o garoto andando pela praça que vai ter seu nome um dia. Temos então que mudar a ação: Garibaldi e o pai chegam de barco, no porto de Nizza, no primeiro quadrinho. Para isso, precisamos do porto de Nice da época, que já havia sido pesquisado, inclusive com sua rampa de desembarque.

Porto de Nizza, a casa da família Garibaldi ficava à esquerda, fora da imagem

Porto de Nizza, a casa da família Garibaldi ficava à esquerda, fora da imagem. O desenho pode ser de Matania, mas não estou certo.

Como funcionava o porto, com suas rampas de embarque-desembarque, em obra de Isidore Dagnan.

Como funcionava o porto, com suas rampas de embarque-desembarque, em obra de Isidore Dagnan.

Detalhe da rampa.

Detalhe da rampa.

Claro que precisamos de imagens da Praça Garibaldi na época (que se chamou Praça Vittorio, Praça República, entre outros nomes). Também é necessário imagem da Igreja do Santo Sepulcro, em Nice, em 1821, já que ela teve a fachada modificada posteriormente.

Praça em 1855, com as feições originais de 1780. Jacques Guiaud.

Praça em 1855, com as feições originais de 1780. Jacques Guiaud.

Santo Sepulcro, Clement Roassal

Santo Sepulcro original, Clement Roassal

O cenário está pesquisado. Mas certamente, nesta época haveria muitos soldados e guardas do Rei do Piemonte e Sardenha circulando pelas rua, e já que pai e filho têm um diálogo político, os guardas devem aparecer para mostrar uma certa repressão. Achei um imenso arsenal  de imagens de exércitos de várias épocas no arquivo virtual da Biblioteca Pública de Nova Yorque. Estes são os uniformes de soldados e oficiais que circulavam por Nizza e Piemonte Sardenha entre 1820 e 1821 (Reis Carlos Alberto e Carlos Felix).

Arquivos da NYPL (The Vinkhuijzen collection of military uniforms)

Arquivos da NYPL (The Vinkhuijzen collection of military uniforms)

Arquivos da NYPL (The Vinkhuijzen collection of military uniforms)

Arquivos da NYPL (The Vinkhuijzen collection of military uniforms)

Já tinha então o suficiente para colocar pai e filho conversando na Nizza da época, e, com mudanças nos diálogos, finalmente a sequência pode ser feita.

Garibaldi pai e filho chegam ao porto

Garibaldi pai e filho chegam ao porto...

e conversam pela cidade.

e conversam pela cidade.

No fim das contas, uma página que demoraria um dia para desenhar e resolver, demorou mais de uma semana pesquisando uniformes e construções.

Tem aquela velha frase, preferida dos despachantes: pra que facilitar se podemos dificultar?

Anita Garibaldi: página de abertura

05/08/2009

Ontem, 04 de agosto, fez 160 anos da morte de Anita Garibaldi.

Não pude postar, então faço agora. Esta é a página que abre o álbum da biografia em quadrinhos de Anita Garibaldi.

O prazo para lançamento é em meados de novembro.

Página de abertura do álbum, com a chegada de Anita sozinha na Europa

Página de abertura do álbum, com a chegada de Anita sozinha na Europa

Anita Garibaldi: Desenvolvendo o rosto definitivo

12/07/2009

Como já foi postado aqui, estas são as referências reconhecidas como mais confiáveis de Anita Garibaldi.

Anita Garibaldi, por Domenico Induno

Anita Garibaldi, por Gerolamo Induno

Anita Garibaldi, Por Galino.

Anita Garibaldi, Por Gallino.

Como referências para personagens de histórias em quadrinhos, é muito comum usarmos atores, atrizes ou personalidades (quando não mãe, filho, amigos ou mulher). Ken Parker, por exemplo, foi baseado em Robert Redford.

A imagem de Anita pintada por Gallino me lembra muito a atriz Simone Spoladore. Não parece?

A imagem de Anita pintada por Gallino me lembra muito a atriz Simone Spoladore. Não parece?

Anita e Spoladore

Misturando um pouco com a de Induno, o “mix”  me lembra Claudia Ohana.

Já a de Induno me lembra Claudia Ohana.

Mas para funcionar graficamente, o personagem tem que ter características fortes no rosto. Eu precisaria “criar” minha própria Anita. Com algumas informações dessas referências,  comecei a tentar achar a “minha” Anita.

O desenho é um pouco livre, até achar uma "forma" que satisfaça e também dê prazer desenhar..

O desenho é um pouco livre, até achar uma “forma” que satisfaça e também dê prazer desenhar..

Contrastando olhos expressivos e queixo mais delicado, sobrancelhas fortes, cheguei a esta imagem.

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Mas os olhos estão ruins, então fui procurá-los.

Olhos e estudos em como ficariam no rosto.

Olhos e estudos de como ficariam no rosto.

Cheguei a esta combinação que me agradou:

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Ainda inseguro com as proporções, é preciso treinar a figura até que ela ganhe mais “consistência. Não é muito fácil mudar de posição e manter as carterísticas.

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Por fim, quando se tem mais controle do personagem, pode-se movimentar, dar expessões e vivacidade.

Agora erra-se menos e o personagem ganha mais vida.

Agora erra-se menos e o personagem ganha mais vida.

Chico Bentão

09/06/2009

O pai da Anita chamava-se Bentão. Ou Chico Bentão.

Tropeiro, provavelmente era um sujeito vigoroso, forte e rude, pois há documento de queixa-crime contra ele, por causa de agressão a um vizinho.

Alguns autores levantam a hipótese de que Anita recebeu influência do gênio um tanto indomável do pai, o que eu acho bem provável e dramaticamente funciona bem. Por isso a escolha da figura do Bentão passava por esse sujeito um tanto rude, mas capaz de ser um modelo para ela.
Pensei na imagem do ator Carlo Pedersoli, mais conhecido com Bud Spencer.

Interpretação para o rosto

Interpretação para o rosto

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Estabelecendo as formas e proporções do corpo.

Movimentando um pouco o personagem

Movimentando um pouco o personagem

Mão na massa

02/06/2009

Como cartunista “de humor”, algumas maneiras de resolver meu desenho precisam ser aperfeiçoadas para se enquadrarem em uma história mais longa de fundo histórico.

Mãos, por exemplo. Embora o produto final do álbum não seja um desenho “realístico”, mãos estilo desenho “mickey”, com dedos a menos ou infantilizadas não servem para o propósito desta empreitada. Então, sem medo de expor minhas deficiências, mostro aqui estudos para melhorar o desenho das mãos.

Desenvolvimento: Garibaldi

27/05/2009

Contraste, entre outras coisas, quer dizer mais ou menos dessemelhança acentuada entre duas coisas (…), variedade bem distinta entre as ações (…)“.

Em um desenho de figura, o contraste é mais observado pelas pessoas como luz ou ausência de luz, entre preto e branco, ou entre uma cor e outra. Mas o contraste não existe apenas entre “cores” ou entre “luzes”.

O contraste existe também entre “formas”. Maior e menor, largo e estreito, comprido e curto, curvo e reto, vazio e preenchido.

Como em uma paisagem, nenhum desenho é muito rico quando é monótono em suas formas. Se ele tem muitos contrastes de “forma” interessantes dentro dele, que funcionam em harmonia, ou em desarmonia também, pode se tornar muito mais interessante. Esta é uma lição que, levada em conta, pode fazer o desenho ganhar mais “vida” e personalidade. Aprendi isso muito tarde, lamentavelmente, mas sempre é tempo de se colocar em prática.

Neste esboço de Garibaldi, o primeiro contato é uma figura plana, sem muito contraste entre suas formas e proporções, entre retas e curvas nos seus contornos. Digamos que esteja um pouco apagado.

Garibaldi 1

Neste esboço de Garibaldi, o primeiro contato é uma figura plana, sem muito contraste entre suas formas e proporções, entre retas e curvas nos seus contornos. Digamos que esteja um pouco apagado.

Garibaldi 2

Garibaldi 2

Neste segundo Garibaldi, um pouco mais de contraste aumentando o tamanho dos ombros, diminuindo a cintura, estreitando algumas articulações como joelhos e tornozelos. Há uma melhora, mas ainda não muito grande.

Garibaldi 3

Garibaldi 3

às vezes é difícil perder o medo de “deformar” o desenho.  Aqui, ombros ainda mais largos, cintura mais fina, as dobras de camisa e bota ganham mais personalidade, há mais “curvas” e “retas” dentro da figura.

Garibaldi 4

Garibaldi 4

Garibaldi não era alto, porém era atlético, fisicamente resistente, como comprovam os fatos históricos. O desenho dele não poderia ser aquele primeiro, borocoxô, mas também não podia  cair em um visual de “herói bombado”. Este último esboço está bem mais interessante graficamente que aquele primeiro.

O antes e o depois.

O antes e o depois.

Aqui um comparativo de como o Garibaldi foi resolvido em uma página do projeto, e como ele ficou depois de ganhar mais contraste de formas.

Roteiro rascunhado

09/04/2009

Roteiro rascunhado

Relembrando o post anterior, em que o texto básico do roteiro era feito, depois o roteiro (ou parte dele) escrito (e reescrito) e distribuído em páginas, já como blocos de textos de balões, e depois desenvolvidos como desenhos, mas ainda rabiscados em garranchos quase incompreensíveis.
Agora vem a primeira etapa em que o “desenho” aparece.
Estas folhas em A3 com cada uma 2 páginas espelhadas de garranchos bastante primários, servem de rascunho para desenhos um pouco mais nítidos.
Não são ainda nem de longe desenhos definitivos, que, no meu caso, serão desenhados muito maiores, mas a partir desta etapa já se pode ler a história, pensar no enquadramento, nos ângulos que o quadrinho vai mostrar de cada “tomada”.
Dá também para se ter mais noção da dificuldade que alguns quadros vão criar, e também a pesquisa que será necessária para resolver aquele desenho específico (uma construção da época, um cavalo, um tipo de barco, uma posição complicada de alguma figura, um objeto obsoleto difícil de encontrar, etc).
A partir daqui, podemos passar o trabalho para algumas pessoas, para começar a pegar opiniões de leitores. Olhar de outros leitores pode trazer contribuições valiosas para a clareza, fluidez e compreensão.

A partir daqui, se o roteiro estiver todo pronto e a história não tiver falhas estruturais, é como se fosse um projeto de casa: estão feitos os estudos de terreno, análise do solo, escolha de materiais e a planta está aprovada. Você olha no calendário e vê que o prazo andou rápido. E só agora é que vai começar a construir.

O grosso do trabalho vai começar.

O tal “processo”…

07/03/2009

Se você perguntar a cada desenhista o seu processo de trabalho, vai encontrar, talvez, uma  resposta diferente para cada autor perguntado. Existem excelentes escolas de quadrinhos e livros falando sobre isso.
Não  há uma forma “correta” de processo, passo a passo. Cada um vai inventando o seu jeito, de acordo com preferências e deficiências.
O meu processo, pelo menos neste álbum que é histórico, com sua seqüência cronológica um pouco mais rígida, está sendo assim:

1- pesquisa-se a história toda que se quer contar. Vão acumulando 10, 20, 30 livros e impressos, cheios de post-its.
livros

2- paralelo a isso, ou um  pouco depois de começar, faz-se uma lista, ano a ano, de todos os acontecimentos e coisa relevantes à história. Uns chamariam isso de “escopo”, outros de “efemérides”, nomes feios, eu prefiro chamar de listão. Neste momento, é importante saber que nem tudo vai entrar na história.  Na verdade, talvez nem 10% do que você colocar no “listão” vai entrar no final, mas é importante ter as informações ali. Esta parte é bem trabalhosa, porque aqui tem informações que não “batem”, uma fonte diz uma coisa e a outra não confere, e você tem que fazer triangulações entre várias livros e fontes até achar o dado correto, ou aquele que você acredita ser o mais coerente.
listao

3- quando se tem (ou se acha que tem) informação suficiente, dá pra começar a colocar a coisa em forma de roteiro. Volta-se às fontes para pegar detalhes, há um aprofundamento já pensando na “ação”, em “como” a coisa vai ser contada. Também é importante lembrar que isso é um rascunho de roteiro. As informações que vão entrar não são definitivas, esse processo tem muito de leva e traz. Na hora de distribuir nas páginas e colocar diálogos, escolher  o fluxo de imagens e as quebras de página, tudo isso pode ter que se transformar. Com alguns anos de prática fazendo roteiros para si para os outros, a gente acaba ganhando um certo traquejo. Nessa hora é que aparecem as idéias e soluções para “como” contar a  história. Crescem alguns personagens, outros são descartados, outros criados para exercer uma “função” específica. Muitas vezes você se surpreende com as soluções que tem que encontrar.
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4- e você me pergunta: e o desenho? Bem… nessa hora, se você for um desenhista típico, com grafite nas veias, provavelmente já fez vários aperitivos e estudos dos personagens e dos quadros, talvez uma arte final de alguma cena que você adorou. Desenhos “inspiracionais”, ou os chamados concepts, também são usados, pra dar gostinho e uma “cara” ao projeto. Se você é assim, tenho inveja de você.
Desenhos acabados e finalizados, fiz 5 páginas “prontas” no projeto que enviei para a Secretaria da Cultura do Estado, que podem ou não entrar no roteiro final. E fói só. Mas agora, com 60% do roteiro escrito, senti necessidade de ver a coisa “espalhada” no papel, paginada em balões, pra ter uma idéia do fluxo e da arrumação geral, e também, como encaixar o roteiro dentro do limite de páginas.

Também há algumas questões: qual o tamanho do corpo da letra? Qual o espaço dos textos nas páginas, combinado com as imagens?
Nesse caso a minha solução foi essa: eu monto as páginas de roteiro todas no computador, já na proporção da medida final, espalhando os “balões” com texto em “quadrinhos” inexistentes, imaginando mais ou menos a  cena que vai acontecer. Não há desenho ainda, mas dá pra fazer a história fluir. Planejo as quebradas de páginas e enxugo ou acrescento texto quando necessário. Eu “vejo” a pagina pronta, apesar de serem só blocos de letras espalhadas. Quando eu tiver os desenhos, vou colocando embaixo dos textos e apenas ajeito a diagramação.
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5- depois disso posso imprimir essas páginas, espelhadas em 2 (como qualquer livro que se abre para ler), com páginas ímpares à direita, em tamanhos bem pequenos (8 paginas por folha A4), com o texto quase ilegível, apenas como referencia para fazer os primeiros esboços. Facilita a etapa do desenho. É importante saber suas deficiências, para elimina-las ou criar condições para que elas não te atrapalhem.

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6- em uma folha A3 faço a versão aumentada dessas miniaturas, com uma rabiscada que só faz sentido para mim. Não é nenhum desenho ainda, mas eu já posso ver ali os problemas que vou enfrentar, esboçar alguma composição interessante, mexer no roteiro para que as viradas de páginas (quando você sai de uma página ímpar e vira para uma página par do outro lado) sejam valorizadas (suspense, surpresa, etc).
Aqui a HQ está começando a virar papel.
Depois, na hora de desenhar pra valer, tem outra pesquisa: de roupas, de objetos, geografia, animais, embarcações, armamentos, etc…

Mas agora, é nesse estágio que está Anita: 60 a 70% do roteiro pronto, jogado em páginas diagramadas, que viraram um monte de rabiscos.

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Esboço de Garibaldi

31/01/2009

Embora Garibaldi tenha a estampa de quem parece ter a altura de um centroavante matador, fisicamente ele estava mais pra altura do Romário ou Maradona. Sua ficha de inscrição na Marinha  piemontesa em 1833 dá que ele tinha 1,66.
Talvez fosse a altura mediana na Itália daquele tempo. O fato é que ele nunca foi tratado como baixinho, como Napoleão, por exemplo. Era extremamente atlético e fisicamente infatigável, e tinha uma boa voz. Impunha respeito na marujada e era temido pelos inimigos.
Pelo relato da exumação do corpo de Anita, eles tinham quase a mesma altura, o que não é muito “legal” em uma história de aventuras e heroísmos. Respeito esse dado ou faço o herói um pouco mais alto que a mocinha?
O meu Garibaldi está mais ou menos assim, ainda sem aprofundar.

O perfil dele é interessante pra desenhar

O perfil dele é interessante pra desenhar


Ainda falta um pouco de dinâmica.

Ainda falta um pouco de dinâmica.

Giuseppe Garibaldi

31/01/2009

As imagens que se tem de Garibaldi são sempre grandiloquentes. Peito estufado, queixo erguido. Há imagens dele mais velho, com os olhos miúdos e semblante cansado, mas aí ele já é um velho herói consagrado.

De fato, como herói romântico ele preenche as expectativas: aventureiro, sonhador, revolucionário, idealista, desapegado a dinheiro ou riquezas, viajando o mundo pra “libertar os povos” e também a sua Itália. Mas por outro lado, era bastante ingênuo, manipulador de fatos, tinha lacunas de formação política, era mais voluntarioso do que esclarecido e, como talvez tenha sido um dos primeiros vultos da história a poder revisar sua biografia em vida, se  colocou sempre com grande importância diante dos fatos e “limpou” a própria barra deixando diversos relatos.
Sua biografia mais conhecida foi escrita por Alexandre Dumas, pai, autor, entre outros, de O conde de Monte Cristo e Os Três Mosqueteiros. Além de virar amigo, era fâ de Garibaldi. Convenhamos, o escritor perfeito para o Garibaldi-personagem que o Garibaldi-homem queria deixar para história. O próprio Dumas optou por escrever sua biografia em detrimento de outro projeto, por achar mais interessante escrever sobre este homem vivaz e contraditório, do que sobre algum figurão inglês.

Estudo de Anita Garibaldi

24/01/2009

Continuando o post anterior, a “minha” Anita, ainda em fase de estudos, vai ganhando um aspecto mais ou menos assim:

A partir da imagem original...

A partir da imagem original...

tento desenvolver a personagem...

tento desenvolver a personagem...

até que ela possa ganhar "ação".

até que ela possa ganhar "ação".

O que não quer dizer que não mude tudo, na medida que chegar a fase de desenhos mesmo.

Morena misteriosa

24/01/2009

Quase toda a biografia de Anita Garibaldi está envolta em mistérios. A pouca documentação, a vida curta e atribulada fez com que ela deixasse poucas imagens confiáveis. Mas como ela era?
A mais conhecida e consagrada imagem de Anita é esta, feita por Gaetano Gallino, no Uruguai. É uma miniatura, que faz par com uma de Garibaldi, esta bastante fiel, o que deduz que a de Anita também fosse. Na peça exposta no Museo del Risorgimento de Milão há uma inscrição à mão de Ricciotti Garibaldi, filho mais novo de Anita, atestando que esta é a única imagem real de sua mãe.

Miniatura de Anita, segundo Gallino. Pintada no Uruguai

Miniatura de Anita, segundo Gallino. Pintada no Uruguai

Há outra imagem feita pelo pintor Gerolamo Induno, que os oficiais Garibaldinos que a conheceram disseram posteriormente que era a mais fiel aos seus traços originais.

Anita segundo um dos irmãos Induno

Anita segundo um dos irmãos Induno

O historiador Antônio Carlos Marega me contou um causo conhecido dos experts: Induno não quis vender este quadro à Ricciotti, o que o levou a escrever a declaração “autenticatória” no outro, para se vingar. Quando Anita morreu, Ricciotti tinha apenas dois anos.
O fato é que são as imagens mais “confiáveis” de Anita Garibaldi.

Mas a aura de heroína misteriosa fez com que muitos artistas se aventurassem em interpretá-la. Quase todos sobre as imagens mais conhecidas, com resultados bastante diferentes.

Cheiro de mar

18/01/2009
Desenho feito de acordo  imagem cedida pelo Archivio Fotografico del Comune Di Genova

Desenho feito de acordo imagem cedida pelo Archivio Fotografico del Comune Di Genova

A abertura da história, pelo menos por enquanto, seria este quadrinho. Foi assim para o projeto do PAC. Não sei se ele fica mesmo, se vai ser esta abertura, enfim…
É só pra ter algum desenho pra postar aqui, enquanto o trabalho todo é de pesquisa e texto.

Foi dada a largada!

18/01/2009

Serão 8 meses de ácaros, prancheta e calo nos dedos.

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