Archive for the ‘viagens’ Category

“Anita Garibaldi Tour”: Catânia

16/09/2017
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Souvenir de pedra de lava com mapa da Sicília- Catânia

 

Catânia está quase aos pés do Monte Etna.
Quando criança, o imaginário era de que o Etna (e o Vesúvio) eram espécies de monstros terríveis como Godzillas, que cospiam fogo e causavam terremotos devastando cidades. O mundo pré-internet era imenso e desconhecido, e imaginar que pessoas viviam em volta daqueles monstros era assustador.
Agora, passamos ao largo e descobrimos que é apenas uma montanha, silenciosa, às vezes fumegante, cheia de cidades ao redor, todas sobrevivendo através da fertilidade da lava misturada ao solo, todas sabendo que talvez amanhã, talvez daqui a cem anos Godzilla irá acordar e tudo pode ser queimado. E tudo será reconstruído de novo, como é feito há milhares de anos.

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O calçamento de pedra de lava, na praça Duomo, Catânia

Em Catânia, a pedra preta de lava é objeto de uso e construção em quase todo lugar. De lembranças e souvenires delicados como a que abre este post aos paralelepípedos de rua, quase tudo reutiliza essa matéria prima fácil de encontrar.

O símbolo de Catânia é o Liotro, elefante de pedra de lava que fica na Praça do Duomo. Tem adornos em mármore (sua presa e um obeslico) que não pertencem ao elefante original, danificado no grande terremoto de 1693 e reconstruído por G.B Vaccarini em 1737.

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Fontana dell’Elefante- Catânia

A lenda é que o elefante protege os cataneses das erupções.
Obviamente não há elefantes na Itála, mas não é difícil imaginar algum circulando por aqui trazido por alguma das tantas ocupações diversas que a Sicília teve, dada a proximidade com a África e Oriente Proximo.
Mas também há uma fábula de que o mago Eliodoro (Liotro) cavalgava o elefante atormentando os cataneses com diabruras, entre elas pagar produtos com pedras de ouro que viravam pedra de lava quando os cataneses colocavam as mãos.

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A primeira atividade foi uma palestra na Scuola Superiore Turrisi Colonna, que forma futuras educadoras. Falar um pouco do processo de pesquisa, assim como da importância do uso da linguagem do desenho para ensinar e fixar.

 

 

 

Em Catânia, fui acolhido pela minha tradutora e nova “amiga desde o nascimento”, Giovanna Lojacono.
Giovanna merecerá um post exlcusivo em outro momento.

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Giovanna Lojacono, tradutora, advogada e alma inquieta.

 

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À noite, um bate-papo na deliciosa livraria Vicolo Stretto, que fica, justamente, em um “beco estreito” em um agradável boulevard de restaurantes e pizzarias.

Esse encontro teve a mediação competente de Marco Grasso -que ilustrou a conversa com um powerpoint de larga pesquisa- e a presença do grupo de “Bonelliane” (fãs dos quadrinhos da editora de Sergio Bonelli) chefiado por Tindaro Alessandro Guadagnini.

 

A Vicolo Stretto filmou todo o bate-papo, que pode ser visto abaixo ou em seu link de Facebook.

Lancio del libro Anita Garibaldi e chat nella Libreria Vicolo Stretto

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Resenha: Chronica Libri

06/09/2017

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O blog vai publicar algumas resenhas que vêm sido publicadas na Itália desde o lançamento do livro Anita Garibaldi em dezembro de 2016.
A primeira é do Chronica Libri, um site de análise e resenhas de livros.

A resenha abaixo é a tradução do texto original encontrado AQUI

Giulio Gasperini
AOSTA.

De onde vem uma heroína?
No outro extremo do mundo, na província brasileira de Santa Catarina, uma família pobre com dez filhos, em que o pai morre cedo e a mãe tem que criar todos eles. Uma delas é chamada Ana Maria de Jesus Ribeiro da Silva, que mais tarde se chamará Anita, e se apaixonará por um líder, Giuseppe Garibaldi, que desembarcou exilado na América do Sul e foi chamado a…

O cartunista brasileiro José Custodio Rosa Filho contou, em Anita Garibaldi, uma graphic novel editada pela Verbabolant Edizioni na Itália, os anos que viram nascer a heroína Anita heroína, com foco no período  sul-americano.

Com atenção extrema e detalhada aos fatos históricos, narrados nas mais ligeiras reversões, origens e consequências, Custódio conta os primeiros anos de vida e experiência da jovem Ana Maria, casada com um homem mais velho que ela e obrigada para cumprir as obrigações matrimoniais que não lhe agradavam.
Ao mesmo tempo, a Grande História, que se desenrola em sua cidade, Laguna, se apresenta na forma de um homem italiano que, assim que a percebe fora da multidão dos rebeldes, diz: “Você deve ser minha”. Anita sabia, devido a sua personalidade, que este relacionamento seria uma chave esmagadora de afirmação, antes de mais nada.
Custódio se fixa na narração dos anos sul-americanos, decidindo unir a história documentada e testemunhada a invenções e criações narrativas que enriquecem sem causar incidentes.

Através de um desenho que é saboroso e denso de significados, em preto e branco que é pureza e simplicidade ao mesmo tempo, Custódio nos dá o retrato de uma época, de uma história que está longe de nossos livros de história (italianos), mas que nos interessa, e também serve para entender a nossa história.

Custódio também nos dá um retrato de uma mulher que se torna um hino, uma celebração da vida: determinação, coragem e audácia de uma jovem que não foi intimidada pelos homens e suas leis, escolhendo as definições de sua liberdade.

Tudo continua como um exemplo válido ainda hoje, apesar de tudo.

Roma 1- “Anita Garibaldi Tour”- Dezembro de 2016

30/08/2017
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Pôr-do-sol romano visto da Basílica Santa Maria in Ara Coeli

Em dezembro de 2016 viajei por quatro cidades italianas para o lançamento do livro “Anita Garibaldi, la nascita de una eroina“, a versão europeia do livro lançado aqui em 2010 (no momento esgotado).

Por motivos diversos, as postagens desse tour até hoje não tinham sido feitas. Mas como algumas resenhas do livro ainda têm saído na imprensa italiana e o blog tem um perfil documental sobre o projeto como um todo, cabe postar sobre essa experiência italiana, mesmo com atraso.

Nas próximas semanas publicarei resenhas e críticas italianas sobre o livro, assim como os relatos da viagem, contando as experiências em cada uma das cidades visitadas.

Talvez essas postagens possam ser apreciadas desta maneira: como um  diário de viagem que de repente foi achado em uma gaveta.

Roma 1- A Feira

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O principal evento em Roma era o lançamento do livro na feira Piu libri, pui liberi, que traduzido mais ou menos ficaria “quanto mais livros, mais livres”.

Esta feira fica no Palazzo dei Congressi em EUR, um bairro “moderno” de Roma, afastado do centro histórico, com avenidas largas, prédios racionalistas, praças e chafarizes.

Foi um bairro aberto na marra por Mussolini, espalhando os limites de Roma para o sul e tinha o objetivo de receber a Exposicão Universal Romana (EUR) em 1942, uma feira mundial que tinha versões anteriores em Paris e Londres.

A guerra impediu a feira e o projeto, que foi sendo completado posteriormente seguindo o projeto original, mesmo o Fascismo e Mussolini sendo extirpados.

A continuidade urbana é de praxe na Europa. A visão de longo prazo, por décadas ou séculos, sem pensar em ciclos de obras e conceitos a cada quatro anos ou a cada mandato é de dar dor no cotovelo.

A Feira é feita para pequenas e médias editoras italianas, se assemelha à feiras brasileiras, mas a potência do mercado destas editoras é muito maior. Os corredores estavam lotados praticamente todos os dias, em quase todos os horários. É visível que o hábito de leitura consegue movimentar e sustentar editoras artesanais, ou mesmo aquelas que são “quase grandes”. O trabalho é duro, o mercado tem muitas editoras, mas tem muita gente lendo.

E estamos na Itália: a estética e a parte visual conta. A VerbaVolant tem livros-cartazes, que ela chama de “livros de paredes”(Libri da Parati), que são extremamente procurados pela beleza visual, esgotando tiragens. Best Sellers.

Em um dos dias eu e a editora Fausta di Falco demos entrevista para a  jornalista Monica Soldano, que veiculou na rádio em que trabalha e no 100 passi Journal.

No terceiro dia de Feira fiz uma palestra(*) para crianças em um dos auditórios do complexo Palazzo dei Congressi.

A editora Fausta di Falco e a generosíssima tradutora do livro Giovanna Lojacono fizeram parte da mesa.

No último dia de Roma visitei o monumento de uma velha amiga, para deixar uns livros.
Mas isso fica pra uma próxima postagem.

(*) Palestra

Palestra, para nós, um termo consagrado como evento em que um ou mais convidados dividem palco ou microfone para falar sobre assuntos diversos, na Itália é simplesmente “ginásio de esportes”. A nossa academia. “Vado alla palestra” é alguém indo malhar.

Aqui no Brasil, Palestra, Itália e Academia são termos que não se encontram entre pesos e ergométricas, mas sob um time de futebol.

Por acaso, o time do autor.
🙂IMG_1946_b_red.

Viagem ao Uruguai

22/06/2011


Estive em Montevidéu, no Uruguai, pesquisando sobre a vida de Anita e Giuseppe Garibaldi por lá.

Eles viveram na capital celeste entre 1841 e 1848. Na cidade tiveram três filhos (uma, Rosita, morreu com dois anos).

Em Montevidéu, Anita pode ter uma vida de mãe e dona de casa. O que não significa que ela nao tenha tido lá suas aventuras bélicas, como na Batalha de Salto, a 400 km dali.

Montevidéu, vista dos molhes. À direita, ramblas e casas, à esquerda, o porto e o por-do-sol.

A origem do nome Montevideo é controversa, mas entre as versões existentes, a mais aceita é que os navegadores vinham beirando a costa, e algumas elevações eram notadas como ponto de referência. Havia um monte bem localizado, onde o porto era mais fácil e o terreno mais acessível. Era o sexto monte ao oeste. Em carta geográfica, “Monte VI de O”.

Casa-pensão onde Anita passou cinco dos sete anos de Uruguai.

Anita e Giuseppe viveram nesta casa acima, localizada na rua 25 de Mayo. Na época era uma rua chique, hoje nem tanto, embora conserve algumas construções classudas e comércios finos.

O Dr. Luis Augusto Rodriguez Díaz, Sub-diretor do Museo Histórico Nacional fez a imensa gentileza de sair de seus afazeres na sede do museu, abrir pessoalmente a Casa de Garibaldi e me guiar pelo acervo, que abre apenas às segundas-feiras (no mês de junho).

Durante a visita, coincidentemente apareceu um grupo de jovens italianas, vindas de Lecco, especialmente para estudar a vida de Garibaldi no Uruguai. Dr Luis Augusto pediu para que eu contasse sobre o encontro de Anita e Garibaldi em Laguna e como foi o começo da vida deles. Foi um minestrone de português com espanhol e italiano.

Eu cercado pelas colegiais italianas, tentando me fazer entender. Foto do cartunista Gilmar Barbosa.

Além da visita a este museu, a viagem pretendia obter imagens de Montevidéu na época, além de outras informações relacionadas aos personagens envolvidos. Em 4 dias, consegui quase tudo que eu queria, além de conhecer o Mercado del Puerto, o chivito, o Dr Luís, o Padre Néstor Falco, a brasileira Xênia, muitos donos de sebos, algumas patrícias, etc…

Nos próximos posts, alguns destes personagens, as relíquas obtidas por lá e fotos desta viagem.


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